Sociedade Divinas Vocações
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EQUIPE MISSIONÁRIA
PAROQUIAL VOCACIONAL
POR QUE A IGREJA PRECISA SER MISSIONÁRIA?
Muito de nós podemos nos perguntar: onde e quando surgiu a necessidade da Igreja falar e fazer missão? A missão é realmente necessária à Vida da Igreja? A resposta a esses questionamentos se dá quando nos voltamos para a Santíssima Trindade, que é a fonte e origem do Cristianismo e antes desse, do povo de Deus.
Ao contemplarmos a ação da Trindade Santa, percebemos que a dinâmica missionária parte justamente do Deus Trino. Deus Pai é o primeiro, ao perceber a dor do seu povo, a assumir a atitude em “sair de si” e vir ao encontro do seu povo amado: “Eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvir seu grito... Por isso desci a fim de liberta-lo” (Ex 3,7-8). Diante disso é percebível que Deus Pai deixa sua “zona de conforto” para fazer-se presente em uma realidade de dor e escravidão, buscando transformá-la e conforma-la com o seu plano de amor.
Da mesma forma que o Pai, também o Filho assume uma postura missionária, pois Ele é enviado pelo Pai: “Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, enviou Deus o seu Filho...” (Gl 4,4). Desde então, o Missionário do Pai, entra em nossa história, caminha conosco, “arma a sua tenda entre nós” (Jo 1,14). E para cumprir a vontade do Pai, Jesus se dirigi a diversas regiões; Vai ao encontro da pessoa humana, nas mais diversas situações de pobreza, enfermidade, de pecado, exclusão etc., anunciando o Reino de Deus e manifesta o seu amor e do Pai por cada um/a. A ação missionária de Jesus, busca fazer deste mundo, um lugar onde a vida seja em abundância para todos/as (cf Jo 10,10).
Assim como o Filho, o Espírito Santo também é enviado até nós. É Jesus que roga ao Pai para que mande o seu Espírito: “E rogarei ao Pai e ele vos dará outro Paráclito, para que convosco permaneça para sempre” (Jo 14.16-17). O Paráclito vem e habita em nós. É ele que nos impulsiona, instrui na missão: “mas o Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que vos disse” (Jo 14,26). Não estamos sós na missão; o Espírito Santo será sempre o nosso condutor.
Diante disso, podemos afirmar que a Trindade - fonte e centro da nossa fé - é missionária. Ela, impelida pelo amor por cada pessoa humana, desce ao encontro da humanidade a fim de acolhê-la, amá-la e salvá-la. Da mesma forma “a Igreja peregrina é missionária por natureza, porque tem sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, segundo o desígnio do Pai” (DA nº 347).
É interessante ainda observarmos que cada pessoa da Santíssima Trindade chama seus filhos e filhas a entrarem nessa dinâmica missionária. Vejamos:
Deus Pai ao dirigir-se a Abraão o convida a uma atitude de saída: "Parte da tua terra, da tua família e da casa de teus pais para a terra que eu te mostrarei" (Gn 12, 1). Da mesma forma se dirige a Moisés convidando-o a ir ao encontro de um povo que precisa ser libertado: “Eu envio você ao Faraó, para fazer sair do Egito o meu povo”. (Ex 3,7-10). Diante disso, fica claro que a vocação de Abraão e Moisés vai além da relação íntima e amorosa com Deus, pois esse os convida a ir ao encontro dos seus irmãos e irmãs: A Abraão é confiada a missão de reunir e formar um povo com o qual fará sua aliança e a Moises confere a missão de ir ao encontro do seu povo e o libertar da escravidão.
Todo chamado, portanto implica uma relação com Deus e com o próximo. Não se realiza a vontade Divina de forma estagnada, mas em movimento. É interessante ainda recordar que o povo que o Senhor escolhe para fazer uma aliança, é um povo nômade; um povo que estava sempre desinstalado e em partida. É por meio desse povo que o Senhor vai difundindo o seu nome e seu plano de amor entre os povos.
Da mesma forma que o Pai, Deus Filho atrai homens e mulheres a si e os envia em missão. Assim ele se dirige aos seus discípulos: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos” (Mt 28,19). Ao chamar os primeiros Apóstolos para deixarem suas barcas e redes e fazerem parte da família dos seus seguidores, é para que - esses Apóstolos - juntamente com Jesus, se tornem pescadores de outros homens e mulheres: “Doravante serás pescador de homens” (Lc 5,10). Jesus não chama a pessoa humana a ele, para uma relação fechada, mas para enviar aos outros, para ser mensageiros da Boa Nova do Reino de Deus. Diante disso o grupo dos seguidores e seguidoras de Jesus, não é identificado como “uma família fechada sobre si mesma, mas aberta e acolhedora. Sem dúvidas, são esses os traços de que Jesus mais cuida entre seus seguidores: a igualdade de todos e a acolhida serviçal aos últimos. É esta herança que quer deixar atrás de si: um movimento de irmãs e irmão a serviço dos mais pequeninos e desvalidos” [1].
[1] Pagola, José Antonio; Jesus: Aproximação Histórica. P. 347.
Não diferente da atitude do Pai e do Filho, o Espírito Santo se revela com aquele que impulsiona o ser humano à missão, a sair de si mesmo - vencendo o medo, egoísmo e o individualismo - para lançar-se ao encontro do outro. A Sagrada Escritura nos revela que quando o Espírito de Deus desce sobre uma pessoa, ela assume uma atitude missionária e coloca-se a serviço do outro e de modo especial dos mais necessitados.
Quem primeiro nos mostra esse impulso do Espírito é Jesus, que ao ler o profeta Isaías, afirma que o Espírito do Senhor está sobre ele para que possa anunciar a libertação dos cativos e exilados, para levar a boa nova aos que sofrem e curar os desesperados (cf, Lc 4,16-20). Também em Maria, assim que ela é coberta com a força do Espírito, não fica olhando para si, mas vai ao encontro da sua prima Isabel, a fim de assisti-la em suas necessidades e acima de tudo levar ao lar de Isabel o Cristo Salvador, que já habitava em seu ventre (cf. Lc 1,39-40). Ainda percebemos a força missionária que o Espírito gera na pessoa humana, quando Jesus sopra o Espírito Santo sobre os apóstolos, levando-os a vencer o medo e abrir as portas do templo - que os isolava dos seus demais irmãos e irmãs - para ir anunciar o Cristo Ressuscitado, que é o único que pode dar vida plena a toda aquela gente marcada por tanto sofrimento (cf. Jo 20, 21-22).
É a partir dessa compreensão de um Deus Trino que vem ao encontro do ser humano e se compadece de suas dores, que deseja ser conhecido e acolhido por todos; de um Deus - que a cada momento - nos chama e envia para a missão, que a Igreja não pode acomodar-se, amedrontar-se diante dos desafios do mundo. Ela é chamada a lançar-se mundo a fora, levando a todos/as a Boa Nova de Jesus Cristo. “O impulso missionário é fruto necessário à vida que a Trindade comunica aos discípulos” (DA nº347).
Consciente que a Igreja é por natureza missionária e que ela nasce justamente para ser sinal do amor e da bondade Divina no mundo, que o Papa Francisco nos diz: “Prefiro uma igreja ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças” (EG nº 49). Uma igreja que se fecha em suas próprias seguranças, que é indiferente às misérias humana, não é fiel a sua natureza e missão.
Toda pessoa que faz uma experiência de encontro com Jesus e que escuta o seu chamado, não se esquiva da missão, pois “discipulado e missão são como as duas faces da mesma moeda: quando o discípulo está apaixonado por Cristo, não pode deixar de anunciar o mundo que só Ele nos salva” (DA nº146). Anunciar o nome de Jesus e seu projeto, ajudar cada ser humano a ter um autêntico encontro com o Filho de Deus, é dar-lhe a oportunidade de ter a sua vida estremecida de alegria, assim como teve João Batista ao encontra-se com Jesus, ainda no ventre de Maria: “quando tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu ventre” (Lc 1,44). Por isso, “a Igreja, “Mãe de coração aberto”, “casa aberta do Pai”, conclama a todos para reunir-se na fraternidade, acolher a Palavra, celebrar os sacramentos e sair em missão, no testemunho, na solidariedade e no claro anúncio da pessoa e da mensagem de Jesus Cristo”. (DG 2015-2019-CNBB).
Por fim a missão não pode ser compreendida como uma obrigação, um fardo, mas uma questão de identidade. A missão é acima de tudo um gesto de amor e zelo pelo semelhante, amor que nos faz sair ao encontro do outro a fim de encontra-lo em sua realidade, para lhe oferecer o que temos de melhor: Jesus Cristo e sua proposta de salvação. Nenhum batizado é isento de anunciar Jesus a cada pessoa humana, ajudando-a ouvir o chamado da Santíssima Trindade a ser mais um(a) operário(a) da messe do Senhor. Com nos diz o apostolo Paulo: “anunciar o evangelho não é título de glória para mim, é, antes, necessidade que se me impõem. Ai de mim, se eu não anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16).